Kriolradio é, essencialmente, um projecto de comunicação livre e informal, mas que se pretende, acima de tudo, eficaz. Todas as contribuições são bem vindas, principalmente aquelas que contribuem, qualitativamente, para os nossos objectivos. Assim, é com agrado que introduzimos, hoje, uma nova rubrica, do nosso colega e amigo Orlando Rodrigues.
Um apaixonado pela fotografia, um homem que procura captar os melhores momentos do nosso quotidiano. “As Fotos que Só Eu Tenho”, sendo embora um hino à vida, inaugura com uma homenagem a alguém que acabou de desaparecer do nosso convívio: Lela Violão. As fotos constantes desta pequena galeria foram captadas há alguns anos, num momento de descontração, quando Manuel Tomás da Cruz se entretinha com aquele que foi o seu eterno companheiro e que lhe valeu o apelido pelo qual era carinhosamente tratado por todos.
Um apaixonado pela fotografia, um homem que procura captar os melhores momentos do nosso quotidiano. “As Fotos que Só Eu Tenho”, sendo embora um hino à vida, inaugura com uma homenagem a alguém que acabou de desaparecer do nosso convívio: Lela Violão. As fotos constantes desta pequena galeria foram captadas há alguns anos, num momento de descontração, quando Manuel Tomás da Cruz se entretinha com aquele que foi o seu eterno companheiro e que lhe valeu o apelido pelo qual era carinhosamente tratado por todos.
Estes acordes, vocais e de violão, silenciaram-se na passada quarta-feira, com a morte de “Léla Violão”.
Nascido na Ilha de S. Vicente, "Lela Violão", que deixa 30 filhos, começou a tocar viola de ouvido, às escondidas do pai, e aos 14, ainda sem que o pai soubesse, já tocava em bailes e festas.
Depois de trabalhar três anos em S. Tomé voltou, com 28, a Cabo Verde e nessa altura, devido ao problema do dedo, esteve quase a desistir de tocar, até porque necessitava de um trabalho que lhe sustentasse a família, que por essa altura começou a crescer.
Foi ajudante de topógrafo e acabou como encarregado de construção de estradas em Santiago, onde viveu até hoje.
A música só teve a sua atenção a cem por cento depois de se reformar, mas nunca deixou de, nos poucos tempos livres, fazer serenatas e actuar em espectáculos em bares e restaurantes.
A 23 de Abril último, o grupo musical cabo-verdiano Simentera voltou a reunir-se seis anos depois para, num espectáculo na Sala de Congressos da Assembleia Nacional, homenagear e angariar fundos para o músico, que se encontrava em fase terminal e com dificuldades financeiras.
Resta-nos a saudade de termos convivido com o Lela. Quem não se lembra da sua banda, percorrendo de rua em rua, becos e subúrbios para, por ocasião da quadra do Natal e Fim-de-Ano, a desejar-nos com o seu reportório as Boas-Festas, chegando “ótre óne com maior gost e alegria."
As fotos são lindas e exprimem a imagem de um homem forte, elegante, bem humorado, honesto e, acima de tudo, amante da cultura cabo-verdiana.
ResponderEliminarTive a oportunidade de fazer uma entrevista especial com Lela por ocasião dos seus 80 anos de vida. Descobri que, apesar da idade avançada, ele continuava com um espírito jovem.
Os cinco minutos da entrevista foram pouquíssimos para mostrar toda a faceta de Lela Violão. Tentei mostrar o essencial, mas ainda há muito que se pode dizer deste que foi um grande músico cabo-verdiano.
Lembro-me depois da entrevista ter lhe perguntado porquê que não escreve uma autobiografia.
Uma ideia que não foi descartada por Lela. Mas agora com a sua morte, alguém poderá escrever algo sobre Lela. Morreu o homem, mas a obra ficou!!! Testemunhos para falar dele de certeza que não faltam.
Quem sabe o leitor ou eu mesma venha a contar a história de Lela Violão!!!
Descanse em paz Lela!
Eterna amiga Aidê Carvalho (jornalista da TCV)
Aidê Carvalho
A morte do senhor Lela, deixou a cultura cabo-verdiana mais pobre. Não o conhecí de perto mas, pelas entrevistas que deu, passou a imagem de muita humildade. Realmente as fotos estão bem conseguidas.
ResponderEliminarMaria José Macedo
Jornalista
Homens comoesses não deviam morrer, e todavia morrem.
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