terça-feira, junho 23, 2009

Chefia da RTC no Mindelo demissionária



O delegado da RTC em S. Vicente, Armando Silva, está demissionário, desde há já alguns dias. Estão na mesma situação o chefe da Divisão de Informação e Programa da RCV- Estúdios do Mindelo (Arnaldo Borges) e o chefe da Divisão de Informação e Programa da TCV ( José Eduardo Fonseca Soares). Cansaço e falta de meios para fazerem funcionar tais estruturas são, entre outras, as razões que estão na origem da queda em bloco da referida direcção. O presidente do Conselho da Administração da Rádio e Televisão Cabo-verdiana, Horácio Semedo, assevera que até o próximo mês de Julho, o mais tardar, estará em funcionamento uma nova equipa. Esta, segundo outras fontes, será chefiada por Orlando Lima, jornalista da Rádio Nacional colocado na Praia.

Este diário digital apura que Armando Silva está demissionário desde há já alguns dias. «Desde o início aceitei assumir o cargo de delegado da RTC no Mindelo com carácter transitório, acumulando, ao mesmo tempo, as funções de técnico na área da engenharia da rádio e televisão. Porque é difícil conciliar tais funções, pedi, desde há já alguns dias, a minha demissão do cargo de Delegado da empresa em S.Vicente. Com isso, é normal que outros elementos da minha equipa tenham também posto o cargo à disposição», justifica Silva.

José Eduardo Fonseca Soares confirma, por seu turno, ter pedido a sua substituição há mais de um ano. É que, segundo explica Fonseca Soares, ele condicionara a sua continuação no cargo de chefe da divisão da TCV no Mindelo a uma nova estratégia de produção e implementação, em directo, de uma série de programas na ilha. «Não tendo o anterior CA da RTC feito nada no sentido de se implementar tal programa, pus, logo depois, o meu cargo à disposição. Através de uma carta remetida a 12 de Dezembro de 2008 ao actual Conselho da Administração da RTC, pedi novamente a execução da proposta de programa anteriormente apresentada e recoloquei a necessidade de se resolver, com urgência, o problema da chefia da TCV no Mindelo. Portanto, a razão da minha saída tem a ver sobretudo com a falta de meios para implementar, a partir do Mindelo, a nova grelha de programação proposta», realça Soares.

Arnaldo Borges diz, no entanto, que pediu sair porque não quer continuar na chefia da divisão da informação e programa da Rádio Nacional de Cabo Verde - Mindelo. «Três anos a chefiar a divisão de Informação e Programa da RCV no Mindelo é muito tempo. Decidi, por isso, deixar o lugar para outros colegas. Esta é a razão principal porque pedi a demissão do citado cargo».

Este diário está em condições de avançar que o jornalista Orlando Lima, do Estúdio da Praia, já está em contacto com profissionais de S.Vicente para formar uma nova equipa local da rádio e TV. A sua colega Astrides Lima pode ser convidada a assumir a chefia de Informação e Programa. A nível da TCV estão ainda em curso contactos para a escolha de um substituto ou uma substituta do Tchá.

O presidente do CA da Administração da RTC, Horácio Semedo, escusou-se, no entanto, a falar dos nomes para a futura direcção da rádio e televisão públicas no Mindelo, mas confirmou os pedidos de demissão referidos, excepção feita ao caso de Fonseca Soares. «Armando Silva pediu a sua substituição. Mas, desde o início ele assumiu a função de delegado da TCV no Mindelo de forma transitória. Silva sempre fez saber que pretendia dedicar-se à sua função de técnico na área de engenharia da rádio e televisão. Arnaldo Borges não quis continuar na chefia e pôs o cargo à disposição. Quanto a Fonseca Soares, não conheci ainda nenhum pedido sobre a sua demissão e nem as razões que disse ter apresentado», assegura o PCA da RTC, para quem até o próximo mês de Julho, o mais tardar, a empresa vai ter uma nova chefia em S.Vicente.


Fonte: A Semana

segunda-feira, junho 22, 2009

RÁDIO BARLAVENTO -Uma voz portuguesa no Atlântico ao serviço de Cabo Verde

O recém chegado a Cabo Verde que passe uns dias no Arquipélago e conviva com os seus habitantes, notará que todas as noite às 20 horas, sintonizam os aparelhos de telefonia para ouvir a sua querida estação – Rádio Barlavento -. Prestando atenção, fica admirado ao verificar a boa qualidade dos programas e mais admirado ainda quando lhe contam a história desta instituição que, com menos de dois anos de existência, conseguiu já entrar nos hábitos da população ao ponto de se tornar indispensável.

Foi um milagre de fé e trabalho o realizado pelos sócios do Grémio Recreativo Mindelo por meio de um esforço perseverante e apenas com o desejo de serem úteis aos seus concidadãos, criar uma estação de radiodifusão, que incondicionalmente colocaram ao serviço de Portugal de Cabo Verde.

É certo que a cidade do Mindelo em S. Vicente, com o Porto Grande, escala obrigatória da navegação entre a Europa e a América do Sul e África, com o seu movimento comercial e sendo o centro mais importante do Arquipélago, tinha todas as condições para uma estação de radiodifusão com o objectivo de fazer a propaganda de Cabo Verde e do Porto Grande e ao mesmo tempo distrair instruindo a população das ilhas.

O então Governador Tenente Coronel Alves Roçadas prometeu o apoio do Governo à iniciativa que representaria um passo em frente no desenvolvimento de Cabo Verde.

Para demonstrar a sua boa vontade, os cento e quarenta sócios do Grémio recreativo Mindelo ofereceram 130 contos de uma subscrição aberta entre eles e prometeram colaborar gratuitamente na organização, montagem e funcionamento da emissora.

Com esta base, com o empréstimo de 200 contos a serem descontados num subsídio que por ordem do Governador Roçadas a S.A.G.A. concedeu, e com facilidades prometidas pela Philips Portuguesa, encomendou-se a esta casa o emissor de 1 KW, e a aparelhagem necessária ao funcionamento da estação

A 13 de Maio de 1955, Rádio Barlavento deu a sua primeira emissão experimental.

Não foram contudo badalados os esforços. Inaugurada oficialmente pelo actual Governador Senhor Doutor Manuel Abrantes Amaral a 30 de Junho de 1955, Sua Excelência no discurso inaugural prometeu a Rádio Barlavento todo o auxílio moral e material que fosse possível por parte de Governo.

De todas as ilhas e de indivíduos de todas as categorias sociais, da Guiné, de Dakar, da Metrópole e do Brasil, vinham palavras de incitamento e apoio material. As Câmaras Municipais atenderam aos pedidos que lhes foram dirigidos, inscrevendo subsídios aos seus orçamentos, a Câmara de São Vicente além de um generoso subsidio anual forneceu gratuitamente energia eléctrica indispensável e assim embora fosse impossível diminuir excessivamente a dívida, Rádio Barlavento conseguiu manter-se à espera de melhores dias que finalmente chegaram com a concessão por parte do Governo de um subsidio anual de 75 contos, que sua Excelência o ministro do Ultramar Doutor Raul Ventura, por informação de sua Excelência o Governador, mandou inscrever no orçamento da Província.

Rádio Barlavento espera muito em breve, em princípios de 1957, estender a sua acção à América do Norte com emissões especiais dedicadas aos cabo-verdianos que aí labutam.

Será se Deus quiser, um passo mais para o prestígio destas ilhas tão ignoradas e tão profundamente portuguesas.

Mindelo, em S. Vicente, 27 de Dezembro de 1956

Aníbal Lopes da Silva

Fonte: Revista Portuguesa Nº 80 – Maio de 1957 (Especial sobre Cabo Verde)