quarta-feira, abril 22, 2009

Carlos Santos: "a rádio vira o disco e toca o mesmo"

KRIOL RÁDIO confrontou, esta semana, o Jornalista Carlos Santos, um dos principais colaboradores deste blogue, sobre a Rádio que se pratica hoje em Cabo Verde. Uma entrevista em que o antigo Director da Rádio Pública analisa os desafios que se apresentam ao espectro radiofónico nacional.


Kriol Rádio (KR): Que avaliação fazes da Rádio hoje?


Carlos Santos (CS): Penso que a rádio está bem… podia estar melhor. Acho que as reformas na rádio, a inovação, a criatividade levam muito tempo a ser implementadas… há muitas ideias, quase todas as direcções que passam pela rádio têm as ideias mais brilhantes do mundo, mas devido a uma grande inércia, a problemas estruturais, as ideias novas têm muita dificuldade a passar à pratica.


Apesar dos esforços empreendidos pelas sucessivas direcções - sobretudo nos últimos anos - para modernizar a rádio, continuamos a ter uma rádio, do meu ponto de vista, que em muitos aspectos está ultrapassada.


Mas atenção, não que nos faltem ideias, mas porque elas dificilmente são concretizadas. Basta olhar para a grelha de programas para constatarmos que ela não consegue inovar… é uma espécie de “vira o disco e toca o mesmo”. Há programas e formatos que estão em antena há vários anos sem conhecer qualquer inovação, muito menos criatividade. Aqui já não se pode falar muito de fidelizar audiências, mas sim de rotina. Ora, não existe prior inimigo da rádio do que a rotina.

É evidente que tem havido algumas alterações, mas que não são propriamente inovações. Algumas vezes até são formulas que já foram testadas num passado recente e que não deram resultado.


Por isso, penso que a verdadeira revolução da Rádio de Cabo Verde está ainda por vir. Portanto estamos atrasados, a rádio tem quer dar passos de gigante para, tanto a nível tecnológico, como nos programas e informação, acompanhar o que de mais moderno se faz hoje, nomeadamente, na Europa, cujo modelo de serviço publico temos vindo a ensaiar… a impressão que tenho – em resumo - é que andamos a gerir problemas em vez de pensar e implementar soluções para uma rádio que de facto satisfaça as necessidades e expectativas de uma sociedade cada vez mais exigente.

KR: E na tua opinião por que é que não se dá essa revolução na rádio pública?


Por uma série de motivos. Desde logo porque temos uma rádio mergulhada em constrangimentos que já deviam estar ultrapassados, que são os famigerados problemas estruturais. No fundo estes problemas são praticamente os mesmos que existem na televisão, só que na rádio há ainda alguma cultura do fazer primeiro e “explodir” depois.


Parecendo que não, existe um gosto, nalguns casos até, uma paixão pela rádio… e é essa consciência profissional – que vem da história da radiodifusão em Cabo Verde - que faz com os profissionais da rádio continuem a realizar a sua missão, às vezes em meio a muitas dificuldades, sem criar situações de bloqueio.


Em abono da verdade, devo reconhecer que nos últimos 4 anos a rádio conheceu alguns ganhos, sobretudo ao nível da criação das condições de trabalho. Mas os problemas estruturais mantêm-se porque são problemas da empresa gestora da rádio.


Quando há tempos disse que temos “uma empresa gorda, preguiçosa e ineficiente” – houve um sururu (há sempre aquela hipocrisia, não disse nada que não se dissesse bares e nos cafés) talvez porque a carapuça tenha servido a muita gente. Efectivamente temos gente a mais e uma fraca produtividade.


Algo está mal - e o paradoxo é que apesar de termos muita gente, temos poucas alternativas em termos dos perfis para as exigências de uma rádio de qualidade; penso que não houve rigor suficiente na escolha das pessoas para a rádio… houve muita gente que veio da imprensa escrita sem que tivesse passado por uma selecção, por um teste, para ver se se adaptava na rádio. E não estou a falar só da voz (a voz é importante, até porque a rádio é sobretudo som), mas é também, oralidade, uma atitude, exige uma forma de falar de escrever especifica, se quisermos um certo “dom” ou “vocação” que não se aprende nas universidades. Por outras palavras, considero a rádio uma arte e como tal deve ter uma estética…

KR: E a formação…


C.S: Sim, claro a formação é importante. Os diplomas e os canudos são importantes – a passagem pela universidade faculta o conhecimento cientifico e teórico, abre novos horizontes em termos de cultura geral – mas, penso que continua a ser imprescindível essa formação prática (como se dizia uma vez, na tarimba), quer na redacção, quer nas cabines de locução… é isso que faz um bom profissional de rádio… mas eu queria que ficasse claro que um jornalista ou um radialista não se resume apenas ao domínio da técnica do ofício, ou seja, saber fazer bem uma noticia, uma reportagem ou conduzir uma emissão em directo, claro que isso é importante, mas a teoria também é importante, a cultura, o conhecimento, são imprescindíveis… e isto está ao alcance do jornalista, … a auto-formação é agora muito mais fácil com a com as novas tecnologias de comunicação e informação.

Penso que já é tempo da rádio de Cabo Verde ter também o seu centro de formação, como aliás existe em Angola e em Moçambique. Deve-se recuperar a cooperação que existia com Portugal em matéria de formação de jornalistas – por exemplo lembro-me de grandes nomes da rádio portuguesa que estiveram em Cabo Verde a dar formação ao pessoal da rádio, Carlos Cruz, Adelino Gomes, que é hoje provedor dos ouvintes da RDP e outros tantos… vinham e passavam um mês, às vezes mais, a ensinar e a acompanhar aquilo que se fazia na redacção. Isso desapareceu. E ainda se diz que há ofertas de formação e são os jornalistas que as não aproveitam por incapacidades próprias, nomeadamente pelo fraco domínio da língua…

Na vertente tecnológica continuamos a marcar passo. A rádio de Cabo Verde devia estar na vanguarda das novas tecnologias, mas não é isso que acontece. No principal canal há ainda muito por fazer no capítulo das novas tecnologias. Nos últimos tempos houve ligeiras melhorias que se traduziram no aumento do número de computadores na redacção, que foram depois ligados em rede a que se justa a edição de sons com recurso a softwares próprios. Mas daí a dizer-se que estamos a digitalizar a rádio, soa-me a excessivo. O que estamos a fazer é ir remediando as situações quando já não há alternativas. Não existe, digamos, um sistema integrado digital de produção, gestão de emissão e difusão do sinal… sei que existe um projecto muito bem concebido de modernização, digitalização da rádio, que foi para as “calendas gregas” por não haver recursos financeiros para a sua implementação.

KR: Quais são então os grandes desafios para a Rádio?


C.S: Pelo que disse são muitos: a modernização tecnológica não pode esperar mais. É próprio contrato de concessão que se vai assinar que no-lo impõe: a rádio pública tem que ser uma referência tecnológica para os demais operadores.


A formação contínua dos jornalistas e sonoplastas deve ser melhor estruturada por forma a responder às necessidades da rádio… não estamos a falar de formações de uma semana de duração, que são manifestamente redutoras, nesta área não se aprende muita coisa numa semana…
É urgente repensar a rádio do ponto de vista da sua programação. O que se espera da rádio de Cabo Verde é um serviço público de qualidade, com programas de interesse, quer para as maiorias como para as minorias; Se repararmos, os programas ou são de debates, ou são de grandes entrevistas na esfera da politica… ou então são de música; com raríssimas excepções, não há muita criatividade… há muito poucas reportagens de índole social, que falem do quotidiano das pessoas; e dos problemas com que hoje se confrontam os cidadãos.


Também não podemos esquecer que para uma boa franja da população cabo-verdiana – sobretudo no meio rural – a rádio é o único meio de informação, de formação e de entretenimento. Para muita gente a rádio é uma companhia, um meio de diversão. Por isso não podemos cair na tentação de fazer da rádio um meio essencialmente informativo. O que seria muito aborrecido.


Falando da informação que a RCV produz: penso que se continua a privilegiar uma abordagem institucional; a gestão de informação tem que ser melhorada, a informação hoje tem que ser pensada, sob pena de irmos a reboque dos acontecimentos; a rádio tem que criar a sua própria agenda; não pode transformar-se numa “caixa de ressonância” dos discursos políticos, isto não é informação.


Não é possível que num jornal de 20 minutos, o tratamento de questões politicas ocupe 80 por cento do tempo de duração do bloco. E os cidadãos que pagam este serviço publico?
Gerir informação pressupõe criar uma agenda nacional que tenha o contributo das delegações; pressupõe realizar conferências de redacção, conferências criticas, passagem de pasta entre os editores de molde a assegurar a continuidade da informação; um clima de respeito entre os editores e os jornalistas. Esse modelo de jornalismo centrado na política, muitas vezes de laivos de cinismo, vai, a breve trecho, levar a uma saturação, uma perda de interesse por parte dos cidadãos na politica, o que depois terá reflexos nos índices de participação nas eleições.


É tempo da rádio de Cabo Verde ter jornalistas especializados nalgumas áreas: estou a ver a politica, a economia, o ambiente, as relações internacionais e muitas outras áreas… não podemos continuar apenas com esta ideia de que todos os jornalistas devem ser generalistas… ao fim e ao cabo, a gente conhece de tudo um pouco, mas muito superficial, ou seja, pegamos as coisas pela rama. Há que avançar para a especialização, porque hoje a realidade é cada vez mais complexa e exige outros conhecimentos para a sua descodificação.


A questão do editor na rádio tem quer ser esclarecida. Ele [o editor] tem uma função importantíssima a desempenhar dentro de uma rádio. Há aliás situações em que substitui o próprio director e o chefe de informação, que, como é evidente, não têm tempo para estar a acompanhar em tempo real todos os noticiários que na rádio são de hora a hora. As vezes há decisões melindrosas que ele tem que tomar sob pena de se perder aquele acontecimento – a noticia não espera – o editor coordena toda uma equipa de trabalho, executa a agenda, salvaguarda as normas e os valores éticos e deontológicos da estação.


Enfim, muita da responsabilidade pela qualidade do trabalho do colectivo de jornalistas é dele… por tudo isso, penso que o editor devia ter um outro enquadramento na rádio… sem isso as direcções ficam dependentes da boa vontade dos jornalistas mais capazes para assumirem a edição… uma vez que, no nosso caso, isso é feito na base de um convite que pode ser aceite ou não.

KR: E em relação às nossas comunidades. Qual deve ser a prestação da rádio pública?


C.S: Sim, penso que a rádio devia prestar mais atenção aos emigrantes. Não basta apenas termos a nossa emissão difundida na Internet, é preciso trazer os nossos conterrâneos para dentro da rádio; acompanhar também as suas actividades, as suas conquistas, as dificuldades de integração, as saudades da terra, os casos de sucesso, etc. uma vez que a rádio dispõe de correspondente apenas em Lisboa, por que não estabelecer uma colaboração com as rádios das comunidades cabo-verdianas em vários países, acho que teriam um imenso gosto em publicitar as suas actividades na rádio de Cabo Verde.

KR: Como avalias o esforço de regulação da actividade de radiodifusão.


C.S: Prefiro falar antes da auto-regulação que, na minha modesta opinião, deve ser reforçada. Temos um Livro de Estilo que precisa ser publicitado para que os cidadãos possam conhecer a nossa rotina, a nossa forma de tratar a informação, as normas e os valores éticos e deontológicos que regem a nossa actuação. Uma vez que não temos ainda um provedor do ouvinte, podemos dar espaço para que os cidadãos individualmente ou de forma organizada participem na formatação desse serviço público, com criticas, sugestões, propostas de conteúdos, etc., enfim, escrutinar o nosso desempenho…
Uma coisa que está há muito na lei e que, finalmente, vê a luz do dia, no caso da RCV, é conselho de redacção. São órgãos democráticos de participação do jornalista na politica editorial da rádio, para além de poder expressar a sua opinião sobre um conjunto de questões que mexem com a sua actividade profissional. Sinceramente não consigo entender o desinteresse que certos jornalistas demonstram pelo conselho de redacção. Talvez essas pessoas não estejam interessadas numa redacção devidamente organizada.

KR: Num recente artigo teu, falas de um novo modelo de funcionamento da rádio. O modelo actual já não satisfaz?


C.S: Muito sinceramente penso que este modelo está esgotado. Surgiu em 1985 com a “nacionalização” da Rádio Voz de S. Vicente, que assim se juntou à emissora oficial, antiga Rádio Clube de Cabo Verde (antes Rádio Praia), que se viu reforçada com a posterior criação da retransmissora do Sal. Temos aqui um sistema de transmissão em cadeia em que a sede e os centros de produção retalham entre si os espaços de emissão.


Esse modelo foi criado num momento de afirmação do estado de Cabo Verde – visando reforçar a coesão e a unidade nacionais. É claro que ainda hoje esses valores continuam a ser importantes… no entanto, penso que a abertura do espectro radiofónico a operadores privados no inicio de 90, concorre para que também ao nível da rádio publica haja uma maior descentralização das emissões.


De facto hoje não faz sentido que tenhamos delegações com fortes capacidades instaladas em termos tecnológicos e de recursos humanos e que não chegam a emitir quatro horas diárias. Há por conseguinte um claro subaproveitamento dessas estruturas.


Cabo Verde é um arquipélago, cada ilha tem a sua micro-cultura, a sua idiossincrasia, as suas tradições, os seus valores, a sua própria identidade, a sua vocação regionalista… com este modelo de emissão em constante cadeia nacional, primeiro não há espaço de antena para todas as ilhas, e depois há aqui um problema que é o seguinte: temos questões meramente locais, que interessam a uma comunidade específica e que é posta em antena nacional como se de um assunto de interesse geral se tratasse.


O que não ganhariam as populações de S. Vicente, S. Antão e S. Nicolau com emissões produzidas e emitidas a partir dos estúdios do Mindelo, retratando questões específicas dessa região. Já não íamos por exemplo a S. Nicolau apenas no dia do município da Rª Brava ou por altura do Carnaval. Uma emissora regional com considerável autonomia de gestão, que tem recursos humanos e técnicos como é o caso de S. Vicente, teria condições para estar muito mais próxima das populações.


O mesmo se pode dizer em relação à região Fogo e Brava… a delegação que se abriu veio responder a um velho anseio das populações… mas será que estamos a satisfazer as expectativas das pessoas dessas duas ilhas? O que não ganhariam as populações do Fogo e da Brava se a delegação da rádio em S. Filipe tivesse maior autonomia de gestão e de programação, para produzir programas de interesse local e regional? É este modelo de rádio que existe nos países arquipelágicos. Portanto não há que iludir a nossa realidade insular.

8 comentários:

  1. "Cabo Verde é um arquipélago, cada ilha tem a sua micro-cultura, a sua idiossincrasia, as suas tradições, os seus valores, a sua própria identidade, a sua vocação regionalista…c om este modelo de emissão em constante cadeia nacional, primeiro não há espaço de antena para todas as ilhas, e depois há aqui um problema que é o seguinte: temos questões meramente locais, que interessam a uma comunidade específica e que é posta em antena nacional como se de um assunto de interesse geral se tratasse."

    Pois! Estou inteiramente de acordo contigo e, talvez, a minha vivência como santantonense me ajude a testemunhar isso.
    Acho que a Radio poderia/deveria explorar mais as emissões regionais, que não fossem apenas as agendas de informações, o programa Regiões (muitas vezes sem profundidade), e pouco mais que isso. A vertente Reportagem poderia ser mais explorada: as micro-culturas, como dizes, as especificidades... Por exemplo há tempos ouvia o correspondente do Maio a falar do queijo da Ribeira Dom João. Quantos "mistérios" temos por este país fora e que precisam ser desvendados!!!?? Fico furioso quando, por ex, oiço um correspondente de um concelho como Ribeira Grande de SA, a dizer no Pulsar Informativo que "hoje não temos nada na Agenda"! É um descaramento!
    Precisamos, bem o dizes, desgarrar um pouco da "Agenda Oficial", esmiuçar as comunidades de uma forma mais efectiva.Cabo Verde tem muito por descobrir. Precisamos de mais conteúdos que não orbitam em torno do estafado "fulano inicia hoje uma visitas de 3 dias ao concelho X.

    No campo das micro-culturas, das especificidades... Inquieta-me a visão extremamente esteriotipada que o cabo-verdiano comum tem de cada ilha . De uma forma geral não conhecemos o Cabo Verde profundo. Estamos muitas vezes à leste de problemas que afligem comunidades "períféricas" ou completamente encravadas; não os ouvimos, não sabemos se existem.
    (Mais) espaços de grande reportagem, voltados para o Social, seria um óptimo serviço à nação. Mas, falta em alguns casos, "amor à camisola" para colocar o pé na estrada.

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  2. Grande novidade. Sem desprimor por este belíssimo texto. Acabas – tão-só – por blogar aquilo que muitos profissionais defendem há anos. Problemas identificados, soluções encontradas e nada de inovação. Convenhamos. A Rádio está a passar por uma crise inter-geracional. É toda a Radiodifusão em Cabo Verde que padece desta teimosia crónica em se mudar as coisas. Há quem tenha interesse em que tudo fique na mesma. Precisamos de Rádios dinâmicas, ágeis e, sobretudo, próximas do cidadão. Aquele que, afinal, sustenta as emissoras: o ouvinte. A proximidade não se consegue com maior ou menor quantidade de música pimba nas antenas ou no encurtamento/alargamento dos noticiários. Tão-pouco pela criação de programas que não conseguem se impor por um manifesto total desrespeito para com os ouvintes. A Rádio em Cabo Verde precisa de tectos e bem poderia a Rádio Nacional ser esse modelo. Infelizmente não o é. Está cansada e corre com a língua fora. Precisamos de levar os produtores de Rádio à Rádio. Trazer os bons que temos à antena. Potenciar a criatividade e deixar-mo-nos navegar por este mundo que nos permite ritmo nas pernas e na voz. Ou seja: é hora de fazermos Rádio – à medida da população que temos. Entretendo, informando, exigindo, solidarizando-se. É levar à Rádio não só às pessoas mas e também à rua. A Rádio como instrumento de comunicação e não mero passador do disse-que-disse. Uma Rádio cabo-verdiana comprometida com as novas tecnologias, com o novo falar – desta nova geração – e promotora de uma cidadania para o desenvolvimento. Como: dinamismo, disciplina, rigor, procura de perfeição, dedicação. É tão fácil. Mas não deixam. Então como compreender que, por exemplo, a Rádio de Cabo Verde – com o staff técnico que tem – não ponha no ar rubricas que despertem o cabo-verdiano para o compromisso de cidadania a que se diz estar engajado. Como compreender – e di-lo vezes sem conta – que com os profissionais que temos não haja na Estação Pública programas de autor, como outrora houve. Programas que realmente consigam despertar brio profissional nos Jornalistas. Mas claro: tudo isso que aponto não será possível sem antes a Emissora se forrar de instrumentos de gestão importantes como sejam, por exemplo, um simples Departamento de Produção. A Rádio exige - também - exige produção.

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  3. Meu caro Santos,
    Um texto delicioso. Fizeste uma resenha histórica daquilo que é a rádio em Cabo Verde, desde a sua criação aos dias de hoje.
    Eu sou um aficionado da rádio, ouço desde criança e ainda tenho esse bom hábito de ouvir a rádio. Para mim a caixa que mudou o mundo foi a rádio e não a televisão.
    Um bem haja, e que o teu exemplo frutifique.
    HF

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  4. Estando inteiramente de acordo com o que se disse aqui, naturalmente que sabemos todos, há muito, que a Rádio Pública precisa de uma Revolução. Literalmente e em todos os sentidos da palavra. Mas para isso, antes de mais, são necessárias vontades políticas e profissionais demonstradas através de investimento sério na prossecução desse objectivo... (o que não se vislumbra! talvez devido ao facto de, a nível informativo, esta rádio continuar a cumprir satisfatóriamente os interesses políticos e de Estado). Por outro lado, talvez acrescentar às tuas propostas a aposta primordial no directo, e na produção/realizaçao de programas (e informação) a partir de qualquer ponto do país, de forma regular...
    Mas começando por uma Revolução a nível estrutural e de programação.
    Abraço

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  5. Pois, TCHÁ
    Inteira e literalmente de acordo.

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  6. O Carlos Santos que se arroga em humilde poderia, MUITO BEM, traz a antiga Delegação da RNCV no Mindelo à RCV. Bastasse para tal que ligasse aos melhores da geração: ORLANDO LIMA, GERMANO, ELISANGELO RAMOS E ADILSON, JEFERSON ... SERIA UMA RADIO TOTAL... NO tecto ficaria, por exemplo, o mais moderno e basofo dos antigos: FONECA SOARES!!!

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  7. Mal soube que se criou mais um espaço de free speech, apanhei o comboio e ja estou aqui. E' que nada pode passar neste mundo da Netaria e Blogaria sem a minha presença. Eu fui o primeiro a reclamar esta liberdade nas paginas do amidjabraba.com e rdpafrica, logo, nao posso deixar que outros tirem proveito da minha revoluçao. Pois bem, aqui estou para dizer ao Carlo Santos que o que ele está aqui a defender é velho como a Radio. Nada de novo, tudo velho! Nada de novo debaixo do céu, como diria Salomao o autor do livro biblico Eclesiastes. Logo nesta matéria radiofonica ou radialista como agora se diz imitando a torto e a direito os brasileiros. Nada de novo, porque o proprio Carlos Santos quando esteve à frente da Radio, nao inovou coisissima nenhuma. Esses Orlandos, Elisângelos, Adilson e Germanos, nao fazem nada que o Fonseca Soares, Carlos Lima, Carlos Afonso, Antonio Fraqueza, Fernando Carrilho ou Joao Matos nao tivessem feito. Com uma diferença, a velha guarda que nao é velha coisissamente nenhuma, fazia melhor. Os tais programas de autor eram feitos por essa gente e ainda encontrarao gente que vos falarao de Relógio Matinal, Paralelo 12, Revista Sonora, Radio Pop Show, Bom Dia Cabo Verde, que eram produçoes dessa velha guarda. Uma velha guarda que dominava melhor a ferramenta linguistica e que nao imitava como papagaio o tuga a falar português como Carlos Santos, que pensa que falar bem português é imitar o sotaque do lisboeta. Conclusao: a nova geraçao, que oiço dizer tirou curso superior, tem de aprender a falar na Radio.Curso superior nao é sinonimo de competência e a nova geraçao nao é nada de competente. Tem muitas lacunas e nao sabe fazer reportagem nenhuma. Nao sabe também entrevistar e vou pegar no melhor exemplo que é Carlos Santos.Santos nao sabe colcoar questoes e deixa os entrevistados falarem 5 minutos. Impensavel numa Radio a sério! Portanto, se estao a pedir revoluçao, entao que comecem por ir buscar de volta a velha geraçao, que sabe fazer radio, tem experiência e alguns deles tem hoje uma grande bagagem intelectual, que poucos entre a nova geraçao têm, apesar dos propalados diplomas...Mas ja ouviram essas meninas e meninos a falarem português?!!!

    Al Binda

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  8. Meus Caros

    Jornalismo é uma dessas profissões que ou se tem vocação ou não se tem. Não dá para remediar. E penso que um dos factores (um, porque há muitos outros) que tem contribuído para a quase morte do verdadeiro jornalismo, quer de rádio quer de televisão, é a vocação . Não podemos ter jornalitsas amarrados a uma secretária e a uma agenda ditada por políticos, jornalistas com pésima imagem e dicção, jornalistas que na maioria dos casos mal sabem falar o crioulo quanto mais o português, que vêem na profissão que exercem apenas uma forma de ter um salário mensal, e não com amor, despreendimento, que me perdoem as boas e excelentes excepções que vamos tendo Também é preciso motivar os profissionais do sector, isso é certo. Mas também devemos reflectir que o melhor jornalismo que se já se fez foi precisamente em tempos de crise, revoluções,e em Cabo Verde não foi excepção. Os profissionais vão tendo meios, não de facto os melhores, mas vão tendo o suficiente, se quiserem, com vocação, amor à informação, dedicação e capacidade de criatividade e de investigação, para fazerem trabalhos de grande valor jornalístico...Por isso digo e repito, falta vocação, falta estudo, falta formação, falta investigação, e falta investiemntos. São esses os elementos que, usada a fórmula correcta, pode-se alcançar um estágio de melhor desempenho por parte dos nossos jornalista nacionais.

    Um bem haja a todos.

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