A própria peça noticiosa em si é uma obra cultural. Na nossa primeira colaboração neste blogue reflectimos, em traços gerais, sobre como tem vindo a ser tratada a Cultura nas antenas da Rádio de Cabo Verde, estação em que, há bem pouco tempo, designou-se-me Editor de Cultura.
"A Cultura se baseia na transformação do ADN – ou naquilo que se lhe acrescentar"
Por Elis Ângelo Ramos, Jornalista
País valorado pela Cultura que o faz Cabo Verde; muito mais pelo turismo, que se quer assente na Cultura, é de se reflectir sobre o papel que a Estação Pública de Rádio tem tido na promoção e valoração do arquipélago. A começar pelo total e (des) propositado abandono com que serventia e porta da rua se encontra o arquivo sonoro e/ou documental da Estação.
Pois bem. Percorrendo os caducos e bem-tratados cacifos discográficos da então RNCV (1994), empreendi em mim um gosto, talvez exagerado, pelo que se produzia aí. Do maestro Francisco Sequeira apanhei o termo “convenhamos”, a única palavra obscena que este jovem-ainda-irreverente usa para qualificar algo que não bate certo às contas da sua longevidade intelectual.
Foi, pois, com este mesmo espírito de preservação que aceitei – como meu primeiro oficio na RNCV, na Praia - , a arrumação do espólio de arquivos históricos e musicais, naltura espalhado pelos corredores da até recentemente Disco/Bandoteca.
Foi aí que, tendo pela primeira vez contacto físico com os discursos de Amílcar Cabral, compreendi a importância da Rádio na preservação da nossa memória colectiva.
Enganado estava quando julguei tratar-se de um património que diria respeito ao CABO VERDE. Desnorteado continuo: quando lido com a imensidão de dificuldades dos estudantes e investigadores em se documentarem sobre a nossa historia recente; quando é de todos o património da RCV – maldosa e descaradamente a apodrecer nos armários, perante uma tranca que ainda hoje ninguém quis empurrar - para de lá exumar a relíquia da Rádio cabo-verdiana; porquanto estes arquivos não são do que as vozes que nos precederam na conquista de uma cidadania plena; para que aqui estivesse, agora, pontuando letras, sem contudo buscar explicações à minha revolta incontida.
Mas, estou aqui, para apelar à realização deste direito nosso à defesa dos nossos avós. Para tal basta que sejamos Irmãos … caso estejamos em desacordo ao Sol, ao Suor e ao Verde rodeado de Mar.
Feito este apelo de desagravo: Importa-me aqui e tão só lançar um olhar à minha apreciação sobre a forma ou a ausência de forma como a Rádio de Cabo Verde tem tratado a Cultura do País que a paga e sustenta.
Antes de me focar no ponto em si: este é um País de serenatas, romarias, noites cabo-verdianas, festivais, oril, san jom, cordijeru, batuko, de Kaká, Celina, … de ti lobo, chibinho, de Hi man, Pateta, de msn, hi5, de Artletra, de RCV, Praia, FM, um País de viola e bic, de gaita e foles … este é um Cabo Verde de 180 mil estudantes … de Germano … de filósofos de bar … e de poetas … este é o PAÍS CONSTRUIDO À SEU SUOR. Jorge Barbosa em prelúdio elucida-nos sobre o quão infértil era Cabo Verde aquando do descobrimento. Sem o material. Apenas o natural. Faltava o essencial: o mais transformador dos seres vivos; o Homem.
Onésimo Silveira numa das suas crónicas mais bem inspiradas escreveu que o Homem Cabo-verdiano fez-se a si. Nós nos importamos: concluo ante a crónica. Perante esta historia lúdica mas verídica do ponto de vista antropológico, como compreender que a Cultura na principal estação de Rádio do País, por sinal, paga pelos cidadãos, prenhes de curiosidade e sede de conhecimento, se esgote em mero anúncio de espectáculos e de quando em vez numa entrevista em estúdios.
A RCV, bem poderia: elaborar anual, semanal e diariamente uma agenda de cobertura e exploração do património cultural de Cabo Verde; abrindo um Departamento para a Cultura – ou editoria – com uma equipa vasta que incluiria não só jornalistas mas e também académicos e restantes profissionais que esmeram em elevar os patamares da Cultura nacional.
Pois:
Acreditamos que Cabo Verde é um país povoado de gente disposta a construir uma Nação em que a cultura seja um dos pilares de desenvolvimento. Têm sido incontáveis as iniciativas da população e das autoridades.
O que falta, muitas vezes, é a divulgação dessas actividades. Outrossim, afigura-se premente a formação de agentes culturais que possam empreender acções de sucesso.
Em termos legislativos estão já consagrados alguns importantes incentivos. Assiste-se, contudo, que poucos fazem uso desses instrumentos de promoção cultural.
Em termos de comunicação para uma “cidadania cultural” são ainda insuficientes os projectos que ampliam as práticas culturais da população.
São precisos, pois, projectos e iniciativas que permitam à população, por um lado, interagir com as experiências culturais que a rodeia e, por outro, dar-lhe ferramentas que fomentem a criação e produção culturais. Nosso propósito é, justamente, fomentar e ampliar o acesso da população à cultura.
Apesar de Cabo Verde ser um País reconhecido por uma vasta cultura, temos poucos espaços de divulgação cultural nos meios públicos e privados de Comunicação Social.
Não raras vezes, todos os esforços dos produtores de informação cultural, centram-se no relato noticioso das actividades. Seja um filme, uma peça teatral, um espectáculo de dança, um fórum, uma exposição ou um livro; a informação se esgota na notícia em si. Falta a consideração de que a acção cultural só se completa, de facto, quando é compreendida pelo público.
A RCV, pois, tem que desafiar-se a mostrar que Cabo Verde é um País que mexe e em cujo território a Cultura, nas suas mais diversas formas de expressão, tem por cá granjeado a morabeza de crianças, mulheres e homens que dela fazem não só deleite espiritual mas também ocupação social, profissional e mesmo de transmissão de valores que nos pontuam como ser Cabo-verdiano.
Apontar aqui exemplos de sucesso, experimentados por exemplo no Brasil ou nos Estados Unidos, seria mera perda de tempo. Apenas relembrar aos mestres da Rádio que a Cultura não se esgota na bilheteira. Ela entra palco adentro. Processou?
Foi, pois, com este mesmo espírito de preservação que aceitei – como meu primeiro oficio na RNCV, na Praia - , a arrumação do espólio de arquivos históricos e musicais, naltura espalhado pelos corredores da até recentemente Disco/Bandoteca.
Foi aí que, tendo pela primeira vez contacto físico com os discursos de Amílcar Cabral, compreendi a importância da Rádio na preservação da nossa memória colectiva.
Enganado estava quando julguei tratar-se de um património que diria respeito ao CABO VERDE. Desnorteado continuo: quando lido com a imensidão de dificuldades dos estudantes e investigadores em se documentarem sobre a nossa historia recente; quando é de todos o património da RCV – maldosa e descaradamente a apodrecer nos armários, perante uma tranca que ainda hoje ninguém quis empurrar - para de lá exumar a relíquia da Rádio cabo-verdiana; porquanto estes arquivos não são do que as vozes que nos precederam na conquista de uma cidadania plena; para que aqui estivesse, agora, pontuando letras, sem contudo buscar explicações à minha revolta incontida.
Mas, estou aqui, para apelar à realização deste direito nosso à defesa dos nossos avós. Para tal basta que sejamos Irmãos … caso estejamos em desacordo ao Sol, ao Suor e ao Verde rodeado de Mar.
Feito este apelo de desagravo: Importa-me aqui e tão só lançar um olhar à minha apreciação sobre a forma ou a ausência de forma como a Rádio de Cabo Verde tem tratado a Cultura do País que a paga e sustenta.
Antes de me focar no ponto em si: este é um País de serenatas, romarias, noites cabo-verdianas, festivais, oril, san jom, cordijeru, batuko, de Kaká, Celina, … de ti lobo, chibinho, de Hi man, Pateta, de msn, hi5, de Artletra, de RCV, Praia, FM, um País de viola e bic, de gaita e foles … este é um Cabo Verde de 180 mil estudantes … de Germano … de filósofos de bar … e de poetas … este é o PAÍS CONSTRUIDO À SEU SUOR. Jorge Barbosa em prelúdio elucida-nos sobre o quão infértil era Cabo Verde aquando do descobrimento. Sem o material. Apenas o natural. Faltava o essencial: o mais transformador dos seres vivos; o Homem.
Onésimo Silveira numa das suas crónicas mais bem inspiradas escreveu que o Homem Cabo-verdiano fez-se a si. Nós nos importamos: concluo ante a crónica. Perante esta historia lúdica mas verídica do ponto de vista antropológico, como compreender que a Cultura na principal estação de Rádio do País, por sinal, paga pelos cidadãos, prenhes de curiosidade e sede de conhecimento, se esgote em mero anúncio de espectáculos e de quando em vez numa entrevista em estúdios.
A RCV, bem poderia: elaborar anual, semanal e diariamente uma agenda de cobertura e exploração do património cultural de Cabo Verde; abrindo um Departamento para a Cultura – ou editoria – com uma equipa vasta que incluiria não só jornalistas mas e também académicos e restantes profissionais que esmeram em elevar os patamares da Cultura nacional.
Pois:
Acreditamos que Cabo Verde é um país povoado de gente disposta a construir uma Nação em que a cultura seja um dos pilares de desenvolvimento. Têm sido incontáveis as iniciativas da população e das autoridades.
O que falta, muitas vezes, é a divulgação dessas actividades. Outrossim, afigura-se premente a formação de agentes culturais que possam empreender acções de sucesso.
Em termos legislativos estão já consagrados alguns importantes incentivos. Assiste-se, contudo, que poucos fazem uso desses instrumentos de promoção cultural.
Em termos de comunicação para uma “cidadania cultural” são ainda insuficientes os projectos que ampliam as práticas culturais da população.
São precisos, pois, projectos e iniciativas que permitam à população, por um lado, interagir com as experiências culturais que a rodeia e, por outro, dar-lhe ferramentas que fomentem a criação e produção culturais. Nosso propósito é, justamente, fomentar e ampliar o acesso da população à cultura.
Apesar de Cabo Verde ser um País reconhecido por uma vasta cultura, temos poucos espaços de divulgação cultural nos meios públicos e privados de Comunicação Social.
Não raras vezes, todos os esforços dos produtores de informação cultural, centram-se no relato noticioso das actividades. Seja um filme, uma peça teatral, um espectáculo de dança, um fórum, uma exposição ou um livro; a informação se esgota na notícia em si. Falta a consideração de que a acção cultural só se completa, de facto, quando é compreendida pelo público.
A RCV, pois, tem que desafiar-se a mostrar que Cabo Verde é um País que mexe e em cujo território a Cultura, nas suas mais diversas formas de expressão, tem por cá granjeado a morabeza de crianças, mulheres e homens que dela fazem não só deleite espiritual mas também ocupação social, profissional e mesmo de transmissão de valores que nos pontuam como ser Cabo-verdiano.
Apontar aqui exemplos de sucesso, experimentados por exemplo no Brasil ou nos Estados Unidos, seria mera perda de tempo. Apenas relembrar aos mestres da Rádio que a Cultura não se esgota na bilheteira. Ela entra palco adentro. Processou?
Muitos superlativos mas nada de concreto. Apenas divagaçoes! Por isso mesmo vou deixar para depois a minha justiça sobre o DNA deste ADN que teria mais a ver com uma tara biológica do que com a coisa cultural! Sim, sim, porque cultura é outra coisa e tao pouco uma "peça noticiosa é uma obra cultural". Bem que eu disse superlativos!...
ResponderEliminarAl Binda
Seja Homem e identifica-te. 26 de Abril.
ResponderEliminarNão é extraordinário ver um anónimo a reclamar a outros que assinam, o autor Elisângelo e um leitor Al Binda, que sejam Homens e que se identifiquem!
ResponderEliminarDigam lá se não é de rir!
E agora sou que não me identifico!