A Rádio de Cabo Verde foi ontem distinguida com um prémio pela cobertura jornalística que vem dedicando à Cidade velha. Foi a forma encontrada pela autarquia da Ribeira Grande de Santiago de reconhecer o trabalho desenvolvido pela RCV que, nos últimos tempos, tem de facto centrado a sua atenção no berço da nacionalidade.
Pese embora o simbolismo deste prémio, tem, pelo menos, o mérito de nos mostrar que é possível fazer mais e melhor. Isso passa, obviamente, por uma melhor organização interna, pelo derrube de alguns constrangimentos que interferem na engrenagem da produção informativa; por uma aposta na formação dos profissionais; na especialização por editorias; numa gestão de informação assente numa visão estratégica…
O mais importante: melhorar a motivação dos jornalistas e demais profissionais. Isso passa, claro, por desbloquear a carreira dos jornalistas (paralisada há quase dez anos), apostando no mérito e na competência, o que se consegue com a avaliação de desempenho. Colocar toda a gente no mesmo saco só contribui para a apatia e desmotivação gerais.
É de elementar justiça frisar que a distinção com que a Câmara Municipal da Rª Grande de Santiago achou por bem presentear a Rádio de Cabo Verde, no dia do município, se deve ao desempenho do jornalista Elisângelo Ramos (um dos mentores deste blogue) que, apaixonado pelas questões culturais, tem produzido excelentes reportagens sobre a cidade-berço. De entre estes trabalhos destacamos a série de reportagens especiais “Cidade Velha: Pedras que falam”.
Ainda no passado domingo, o jornalista produziu e apresentou um documento extremamente valioso sobre a atribuição à Cidade Velha do estatuto de Património da Humanidade. “O Sorriso da Nação”, assim se chama a grande reportagem que recupera esse género infelizmente desaparecido da rádio.
O Elisângelo fê-lo explorando as virtualidades da acústica da rádio, permitindo ao ouvinte experimentar outras sensações que não apenas através da audição. Ao ouvir a reportagem, vêem-se as grossas bátegas de água a acariciar a terra, rolando depois pelas ribeiras ressequidas; o céu a desabar com grande estrondo sobre a rua banana e o pelourinho; as caravelas a aproarem para junto da praia; sente-se o gemido contido do negro ao ser chicoteado junto da picota. De repente, ouve-se o repicar dos sinos na Sé; o céu abre-se num sorriso de alegria. É o sorriso das gentes simples que doravante só querem ver a sua vida melhorada… sim porque a cidade velha está na boca do mundo.
Lamento que o jornalista não tenha submetido esta grande reportagem ao prémio de jornalismo António da Noli. Por falar nisso, talvez o concurso ganhasse mais participação e competitividade se houvesse uma divisão por categorias: uma para a rádio, outra para a televisão e uma outra para a imprensa. Já agora que se aumente o valor do prémio. Jornalismo de investigação dá trabalho e custa dinheiro.
Na era da imagem, torna-se difícil, senão mesmo impossível, a rádio bater a televisão neste tipo de concursos. Por mais criativa que a reportagem da rádio seja. A televisão continua a fascinar com o poder demolidor da imagem. Não é à toa que é conhecida pela “caixa mágica”. Muito difícil será a tarefa para os jornais.
Ainda assim, gostaria de dar os parabéns a Isabel Silva Costa pelo excelente trabalho sobre a Cidade Velha. Uma série de pequenas peças, reportagens, bem elaboradas, numa escrita acessível, simples, própria da televisão. Isso demonstra que às vezes os recursos técnicos não são tão importantes. A criatividade, a inovação e a qualidade fazem toda a diferença. Para quê investir em megas produções, sumptuosas em termos de recursos técnicos e humanos, de orçamentos milionários, para o produto ser visto por meia dúzia de elites que acham que a televisão é cultura de massas?
Pese embora o simbolismo deste prémio, tem, pelo menos, o mérito de nos mostrar que é possível fazer mais e melhor. Isso passa, obviamente, por uma melhor organização interna, pelo derrube de alguns constrangimentos que interferem na engrenagem da produção informativa; por uma aposta na formação dos profissionais; na especialização por editorias; numa gestão de informação assente numa visão estratégica…
O mais importante: melhorar a motivação dos jornalistas e demais profissionais. Isso passa, claro, por desbloquear a carreira dos jornalistas (paralisada há quase dez anos), apostando no mérito e na competência, o que se consegue com a avaliação de desempenho. Colocar toda a gente no mesmo saco só contribui para a apatia e desmotivação gerais.
É de elementar justiça frisar que a distinção com que a Câmara Municipal da Rª Grande de Santiago achou por bem presentear a Rádio de Cabo Verde, no dia do município, se deve ao desempenho do jornalista Elisângelo Ramos (um dos mentores deste blogue) que, apaixonado pelas questões culturais, tem produzido excelentes reportagens sobre a cidade-berço. De entre estes trabalhos destacamos a série de reportagens especiais “Cidade Velha: Pedras que falam”.
Ainda no passado domingo, o jornalista produziu e apresentou um documento extremamente valioso sobre a atribuição à Cidade Velha do estatuto de Património da Humanidade. “O Sorriso da Nação”, assim se chama a grande reportagem que recupera esse género infelizmente desaparecido da rádio.
O Elisângelo fê-lo explorando as virtualidades da acústica da rádio, permitindo ao ouvinte experimentar outras sensações que não apenas através da audição. Ao ouvir a reportagem, vêem-se as grossas bátegas de água a acariciar a terra, rolando depois pelas ribeiras ressequidas; o céu a desabar com grande estrondo sobre a rua banana e o pelourinho; as caravelas a aproarem para junto da praia; sente-se o gemido contido do negro ao ser chicoteado junto da picota. De repente, ouve-se o repicar dos sinos na Sé; o céu abre-se num sorriso de alegria. É o sorriso das gentes simples que doravante só querem ver a sua vida melhorada… sim porque a cidade velha está na boca do mundo.
Lamento que o jornalista não tenha submetido esta grande reportagem ao prémio de jornalismo António da Noli. Por falar nisso, talvez o concurso ganhasse mais participação e competitividade se houvesse uma divisão por categorias: uma para a rádio, outra para a televisão e uma outra para a imprensa. Já agora que se aumente o valor do prémio. Jornalismo de investigação dá trabalho e custa dinheiro.
Na era da imagem, torna-se difícil, senão mesmo impossível, a rádio bater a televisão neste tipo de concursos. Por mais criativa que a reportagem da rádio seja. A televisão continua a fascinar com o poder demolidor da imagem. Não é à toa que é conhecida pela “caixa mágica”. Muito difícil será a tarefa para os jornais.
Ainda assim, gostaria de dar os parabéns a Isabel Silva Costa pelo excelente trabalho sobre a Cidade Velha. Uma série de pequenas peças, reportagens, bem elaboradas, numa escrita acessível, simples, própria da televisão. Isso demonstra que às vezes os recursos técnicos não são tão importantes. A criatividade, a inovação e a qualidade fazem toda a diferença. Para quê investir em megas produções, sumptuosas em termos de recursos técnicos e humanos, de orçamentos milionários, para o produto ser visto por meia dúzia de elites que acham que a televisão é cultura de massas?