segunda-feira, setembro 20, 2010

MACROSONDAGENS

As limitações técnicas das sondagens podem-se conhecer com uma leitura atenta e minuciosa da ficha técnica que acompanha a imensa maioria dos estudos sociológicos. A ficha técnica de uma sondagem permite-nos conhecer os dados mais importantes na hora de avaliar um estudo. Ou seja, podemos saber à primeira vista se os dados são próprios de uma micro ou de uma macrosondagem

Para ajuizar e interpretar rapidamente a qualidade e o significado técnico das sondagens, passíveis de converter em notícia, existe uma série de princípios básicos que a redacção do órgão deve ter em linha de conta.

Desde logo, toda a sondagem é por definição uma amostra de uma população. A representatividade frente ao conjunto total, mesmo que partindo de uma selecção bastante rigorosa dos entrevistados, tem sempre limites. Não existe a sondagem perfeita que possa assegurar a cem por cento a coincidência do que foi medido na amostra e o existente no total da população. A margem de erro e o coeficiente de probabilidade, bem como o nível de confiança, são indicadores imprescindíveis para medir o limite da representatividade da amostra.

Um outro aspecto a ter em consideração prende-se com a variação de âmbitos sobre os quais se realizou o inquérito ou a sondagem, infelizmente uma prática habitual. Ora, aplicar os resultados de uma sondagem a outros âmbitos exige, quando muito, uma amostra do tamanho adequado. Por exemplo quando se atribuem assentos a nível local com amostras a nível nacional.

Por outro lado, os paradoxos e circunstâncias curiosas que se produzem nas respostas de um mesmo questionário exigem um critério jornalístico consciente de que em muitos casos esses dados são pura coincidência.

Além dos anteriores, o critério fundamental é a observação crítica de todos os elementos que habitualmente uma ficha técnica deve ter: título do estudo, o seu objectivo, universo sobre o qual foi realizado, âmbito do trabalho de campo, data em que foi realizado, variação populacional, erro da amostra, nível de confiança, tipos de amostras e questionários utilizados, métodos de selecção dos entrevistados e forma de obter os dados. Todos estes elementos constituem informação de máximo interesse para o jornalista.

Desta forma o informador pode observar a pertinência dos dados e das inferências realizadas, avaliar as conclusões alcançadas ou realizar análises pertinentes e tecnicamente válidas, do ponto de vista informativo da sondagem. Por isso, vale a pena recordar a reflexão de Robert L. Stevenson (1993, 97): “as sondagem de opinião formam parte fundamental e iniludível da informação actual, exigem uma formação matemática e estatística dos jornalistas. O uso das sondagens eleitorais constitui um bom exemplo para uma adequada formação universitária para a prática do jornalismo de precisão”.

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