terça-feira, julho 12, 2011

Debates Históricos

No post anterior demonstrei como aparecer na televisão é uma pré-condição para existir politicamente, mas a forma de aparecer na “caixinha mágica” pode ser fatal para uma ambição política.


Noutro dia um colega jornalista chamava-me atenção para o facto de os debates eleitorais não serem tão recentes por estas paragens, ao contrário do que se diz. Fez questão me lembrar que por altura da abertura ao multipartidarismo houve debates na rádio entre elementos das duas listas propostas, respectivamente, pelo PAICV e MPD.


Apesar de nessa altura ser um jovem imberbe nas lides do jornalismo radiofónico, recordo-me que esses debates se fizeram com figuras de segunda linha e não com os líderes dos maiores partidos, como aconteceu nas últimas eleições legislativas. E deste ponto de vista, não se pode deslustrar a iniciativa conjunta da rádio e televisão públicas que pela primeira vez sentaram à mesma mesa os dois candidatos a primeiro-ministro.


Pese embora ainda não existir um estudo sobre o impacto dos debates políticos no resultado das eleições em Cabo Verde, qualquer político com ambição não pode, se quiser alcançar sucesso, negligenciar a magia e a sedução da imagem, como instrumentos de criação de notoriedade e de formatação de mensagens simbólicas.


Uma coisa é certa, quando o debate termina, a “vitória” é atribuída ao candidato que se mostrou mais convincente, mais rápido e expedito, o que teve mais iniciativa ou, simplesmente o que falou melhor. Embora não se possa dizer que a televisão faz a eleição, os efeitos dos debates juntos dos eleitores indecisos podem ser importantes. São pessoas que não têm filiação ou simpatias partidárias e que acabam por definir o seu sentido de voto à última hora, influenciadas possivelmente pelas últimas imagens televisivas que guardam do debate, o acontecimento que “melhor configura a percepção pública dos candidatos!


O debate entre o presidente do PAICV e o líder do MPD transmitido no dia 18 de Janeiro presta-se a leituras de múltiplas perspectivas ou focalização: pode ser considerado, simultaneamente, um óptimo produto jornalístico (porque os jornalista formularam as questões pertinentes, de uma forma documentada, autónoma e incisiva); um magnífico acto de comunicação política (porque os dois políticos responderam com habilidade ou tiveram a astúcia de deslocar o debate para o terreno mais conveniente para a respectiva estratégia), e um bom trabalho de relações públicas (porque os gabinetes de comunicação o “colocaram” na agenda da televisão no momento mais adequado).


É preciso ter presente que o conceito de espaço público introduzido por Jurgen Habermas reporta-se ao séc. XIX, à época do iluminismo, sofreu uma mutação radical. As democracias de massas, queixa-se o autor, acarretaram o declínio deste modelo. “A esfera pública foi contaminada, através dos media, pela lógica de interesses particulares e transformou-se em instrumento de manipulação. A opinião pública deixou de desempenhar um papel crítico, ao serviço da razão”. Na situação actual, podemos falar em “espaço público mediatizado”, indissociável do funcionamento da comunicação social.


O grande plano e o plano aproximado são figuras privilegiadas da telepolitica: aos mecanismos de distanciação característicos do exercício do poder nos quadros legitimados pela tradição sucederam esquemas baseados na psicologização da vida política. Os mecanismos de identificação com a figura do líder político prevalecem sobre as tentativas de racionalização argumentativa. A complexidade dos problemas dissolve-se em combates de chefes, centrados nas imagens dos líderes recriados pela televisão.


Apesar de o debate reforçar as tendências políticas pré-existentes, ele beneficia o candidato com melhor imagem, aquele que evidenciar maior riqueza comunicativa. No debate é posta à prova a capacidade argumentativa do candidato. Ele tem que ser ágil nas respostas. Tem que dominar o discurso. Tem que mostrar que é o mais capaz e que tem as melhores soluções para os problemas.






Continua

6 comentários:

  1. Acho que o jornalista Carlos està a pensar que vive em Portugal, França ou Estados unidos. Esta analise serve para esses paises onde os politicos sabem utilizar a tv e os ouvintes telecspectaores sabem ler imagens.

    Nao é o caso de Cabo Verde, onde nao ha sequer aparelhos de tv. Eu li recenmente que ha 5 mil televisores em CV. Ora bem quem pode ganhar eleiçoes com apenas 5 mil eleitores?

    Sejamos sérios. O povo que vota nao tem televisao, tem é radio, e é estranho que sendo Carlos um homem da radio esteja a faszer analises da tv. Ou serà que a entrevista debate que fez na altura das legisltivas lhe subiu à cabeça a ponto de dizer que os jornalistas colocaram boas perguntas?

    Foi precisamente o contrario; os jornalistas nao colocaram as perguntas chatas que so agora a sociedade està a colocar nestas presidenciais. A sociedade, repito, pois o jornalista continua a nao pôr perguntas chatas.

    E se a TV ganhasse eleiçoes em CV, entao Veiga, teria ganho as legislativas, ja que ele foi de longe suprior ao Neves nesse famoso debate. Debate que diga-se em abono da verdade, nem foi visto pelos famosos 5 mil tlecspectdores, pois nesse dia ouve corte de energia, e até se falou em repetir o deabate. Nao sei se chegaram a repetir o debate, mas o que sei é que as pessoas que ficaram frustradas por nao terem visto o primeiro debate, nao viram coisa nenhuma.

    o cARLOS tem de redefinir a sua analise, pois nao ha aparelho de tv, nao ha politicos que saibam usar ainda a imagem e tao pouco telespectdores. E quando houver TV, os telepectadores têm de aprender a ler, analisar e desmontar imagens, o que levam muitos anos.

    Ha que haver uma aprendizagem.

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  2. E' lamentavel que num blogue de umhomlem de comunicaçao nao haja debate! Onde estao os bazofos do jornalsimo e da comunicaçao?§

    Bem, vim para dar uma dica ao Carlos, ainda a propositio deste post e do meu anterior comengtario.

    E' passeando pela blogosfera crioula encontrei alagumas pérolas que têm a ver com a imgaem, a leitura de imagens, a literacia mediatica, no tempo dos lobos.

    Urge ler o que o dono desse blogue escreve numa série de posts sobre esta tematica; Aqui fica um cheirinho mas ha muito mais no tempo de lobos:

    "investigador James Potter, na sua obra “Theory of Media Literacy” faz uma extensa análise sobre o grau de literacia mediática de um determinado.." in tempo de lobos

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  3. Eu quero ver aqui publicado os três discursos das cerimonias de condecoraçao dos jornalistas:

    o seu, o do Santinho e o do chefe de estado, para eu poder fazer também a minha justiça!

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  4. Entao, os discursos vêm ou nao?!

    Ja agora pode-me explicar como é que uma jornalista, que até modera noites eleitorais, nao saiba o que é um ESTADO e uma Alta Autoridade de comunicaçao?
    Como é que ela quer colocar uma Alta autoridade acima do ESTADO?

    E depois de muitos minutos corrige e diz uma ALta Autoridade acima do GOVERNO!

    Que raios de menina que deve andar com problemas de quem deve estar acima de, por cima de ou por baixo de...?!!!

    Mas essa jornalista nao sabe também que o Governo é uma Instituiçao do Estado?

    Ela nao sabe o que é uma Alta autoridade? Ela nao sabe que é uma coisa administrativa criada pelo governo, que pode ter ou nao, uma perna do Parlmmento, que é também uma Instituiçao do Estado?!

    Mas bom, quem tem razao é o Giordano. Essa historia de criar Alta autoridade disto ou daquilo, nao passa mais do que criar mais tachos para os boys!!!!

    Enfim, mande um link à jornalista sobre o conceito das Altas autoridades, pois a Internet està cheia dessas bujigangas que nao servem para nada!!!!

    Os tugas copiaram nos franceses e os crioulos agora copiaram e mal nos tugas!! E' so copianços!!!

    Os discursos ja... e nao aldrabices administrativas!!

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  5. Outra falacia e aqui Carlos Gonçalves tem razao é essa mania de que temos liberdade de informaçao e pluralismo de informaçao.

    Claro que é uma falacia, pois em Cabo Verde ainda nao ha demcoracia. O que ha é uma constituiçao e leis que formalmente criaram um estado de direito.

    Mas na pratica na ha demcoracia, pois nao ha debates em Cabo Verde.

    A prova disso é que este momento pos-eleitoral.

    Numa democracia a sério, a noite eleitoral, daria lugar em todos os midias a debates entre politicos e analistas.

    Ora bem, até hoje nao houve debates para se analisar os reusltados, as vitorias e derrotas.

    Ao nivel da televisao publica, apenas houve essa noite com a publica çao de reusltados e analise em estudio de dois analistas.
    E os politicos que sao eleitos pelo povo?

    Na radio publica foi a mesma coisa.

    E nas outras radios e jornais. Nada DE DEABTES e analises.

    Conclusao: uma terra sem debate nao tem democracia e nao tem pluralismo de informaçao.Nao se compreende que ate o dia hoje os midias nao tenham pressionado e sobretudo ouvido todos os chefes de partidos, sem faklar nos dois principais candidatos, e seus apoiantes.

    Os jornalistas ja ouviram os actores da situaçao e da divisao no PAICV? Quem entrevistou Julio, Sidonio ou Filu e Aristides?

    Efectivamente, se os proprios actores politicos se recusam debater, fugindo dos midias, como é que se pode falar em liberdade politica, e suas declinaçoes de informaçao, opiniao e pensamento e critica?!!!

    Estamos a brincar e todo o resto é falacia!....

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  6. Mas que diabo, onde estaoi os discursos?!
    Andam a brincar nesta terra ou nao sabem trabalhar?

    Ha dias houve o discurso de vitoria de Zona, qsue ninguém encongtra em lado nenhum.

    Nem os jornais, nem blogues, nem radios e tvs, ninguém desta terra pbulica o diabo do discruso para ser analisado.

    Mas entretanto têm a mediocridade de publicar a entrevista desse doentinho que têm como primeiro ministro.

    Este blgogue é um blgoue de uma homem de comunicaçao ou de um passageiro andante?!

    Nao me venham falar depois em democracia e debate, porque nao ha nada nesta terra!!!!

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